Se um homem soubesse o que a vida lhe dá, trazido pelo excepcional do acaso, como a chuva inesperada ou este desejo de precipício, viveria. Em cada dia da sua vida, deixar-se-ia seguir, os ventos alíseos do afecto, a vaga refrescante de um grande mar. Mas um homem não sabe. Só quando se apercebe que teve vinte anos revê a sua vida, mas já viveu. Se um homem soubesse o que é ter por companhia a tristeza aos vinte anos, e ela ficar-lhe, como uma velha fotografia, desbotando-se-lhe no tempo, roubando-lhe o entusiasmo de viver, compartilharia com tantos a sua solidão. Se um homem soubesse que cada instante tem em si a eternidade, diria bom dia ao dia e viveria definitivamente aquele dia.