27.11.07

A gare possível

Cheguei, a mala dos deveres a morder-me a mão com a sua pega, derreando-me o braço com o seu peso. Esperava-me um bilhete de ausência. Tinha sido em tempos a gare ferroviária do meu contentamento. Não há mundo mais real do que o mundo possível. Hoje resta este postal esbeiçado dentro de um livro amarelecido.

11.11.07

O sonho do céu

Ao olhar para a altura das torres, elevadas nos céus, há um homem na terra que lhes sente a inclinação, prenunciando-lhes o desmoronamento. Por um instante a ilusão de um tempo imóvel povoa-lhe o espírito. Ao olhar para a altura das torres não há nos céus nada ou alguém que se apiede da sua loucura de conviver com os deuses, vivendo no inferno.