11.1.06

Bem-vindo, pois!


Há, nesta masmorra, um túnel que eu escavo diariamente ansiando por uma fuga. Começou por ser uma ideia, depois um sonho. Um dia acordei e era uma ambição, nas noites frequentes de insónia, um pesadelo. Há nesta ideia de escavar daqui a minha saída, uma ocupação contra a loucura, a esperança num dia depois. Esta manhã, porém, vazio de mim e ausente de tudo, aqui precisamente neste canto de confluência do onde durmo com a latrina em que nos tornámos, descobri a mágoa de um achado, o de que o túnel, esse subterrâneo nocturno cavado com as minhas mãos, rasgado com estas unhas e perseverado com os próprios dentes, na loucura demente de o ter feito, desembocara onde começara. Estava de volta aqui, muitos anos depois.