4.1.06

O colar verde

Aglomeram-se e amontoam-se debaixo de improvisados toldos, protegendo-se de inesperadas chuvas, formigando um surpreendente comércio. De quando em vez há um que grita ladrão. Nada sucede: uma breve correria, rápida e inconsequente, como se o ritual exigisse de cada um uma réplica animada na defesa do que é seu. A um canto uma velha desdentada sugere-me, com requebros de oferta, uma amarelada farinha ou uns peixes esquálidos de secos enfiados num pau. Nego-me à velha, mas para me enfeitiçar num colar de bagas esverdeadas de pedras que não sendo preciosas são precisosidades de cor. Não serve para nada, nem tenho a quem o ofereça, é só por ter estado aqui e para que, olhando para ele, fosse como se aqui tivesse estado.