Seja o cheiro fétido a lenha podre, a urina ressequida de um gado que se aninha, encurralado nos confins húmidos deste casebre, aquecendo-se ao próprio bafo. Seja a memória de uma infância a pé descalço, alimentado a casqueiro duro e a uma malga de caldo em que boiava uma, com sorte duas, rodelas de um chouriço bedunguento. Seja a miséria do local e a fealdade da recordação. Seja esse o chiqueiro a que chamo as minhas origens. Na porta aberta, na lenha empinada a um canto, no bolor e tudo o que dele exala, eu sinto o húmus de onde saímos, a putrefacção em que nos tornaremos.