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Escreve, emenda, rasura e rasga. Sente e não diz. Quando pensa, não fala. Quando devia, não escreve, quando o lêm, é já tarde demais. Há nesta casa fragmentos de tanta gente que sofreu em literatura, riu-se em cores e odiou, com as próprias mãos esculpindo a cena gloriosa do seu ódio. Estive
aqui, atento de tão míope, a decifrar a frase «quem adormece, com a ideia do acordar cedo, pode dormir descansado». Era o Teixeira de Pascoaes. Deixai-o dormir, o sono profundo em que sonha, brumoso entre saudades, um mundo que já não há.