1.4.06

A mala posta

Quebradiça loiça, exposta ao sol, absorvia refractária o calor solar daquela manhã de Verão. Estávamos tão longe de tudo que uma simples estação de correios eram trinta quilómetros a pé. Naquele dia eu decidira-me a telefonar. Esperava paciente a minha vez, a central manual a aguardar acesso à rede. De súbito, quando menos esperava, consegui-se ligação. Era ainda no tempo dos infinitos repetidores, a voz reflectida de «relais» em «relais», o tiquetactear de mecânicas engenhocas. «Um momento, disse-me a familiar operadora, Lisboa está em linha». Segurei nervoso o auricular. A meu lado um velho gritava ao bocal, como se para um interlocutor inexistente, do qual nem o eco lhe chegava. A chamada, entretanto, caíu. Tentamos amanhã, ou mando um postal. Afinal, daqui a doze dias estará aí.