Não há seguramente, pelos muitos vexames que o dia nos trás, cena mais humilhante que um dia findar, de borco, na cama solitária que ficou por fazer desde a manhã. Acumule-se a loiça pela cozinha, que há um halo de festa que perpassa ainda por entre a desarrumação. Haja roupa por lavar e ainda um pouco por todo o lado, que um perfume de festa estouvada pode simular-se com esse vestígio do despir-se descuidado, uma peça por cada sala. Mas agora que o dia cai e uma noite morna começa lá fora e com ela uma cidade que surge das entranhas do seu bom viver, resta-me dormir profundamente e um ressonar primitivo a marcar audivelmente a animalidade de tudo isto. Não há vexame maior do que a humilhação de uma cama solitária.