Escorria-lhe pelas costas um suor ácido de uma calor irritante, fechavam-se-lhe os olhos de cansaço. Já nem a dor formigueira dos braços fatigados sentia, as mãos cortadas da pega de uma pesadíssima mala. Chegara no comboio da tarde. Em frente a si, uma cidade morna olhava-o com estranheza. Um homem chegava, ao apeadeiro da vida, arquejando, ajoujado à carga do seu orgulho. Sentou-se, enfim, num recanto sombrio, protegendo-se da vergonha de ser visto neste transporte nómada de si. Ninguém sonha o que um homem sente, ninguém sabe o que um homem cala.