25.4.08

Kitzbühel

Ian Fleming, o escritor que o cinema quase matou com as vagas de ridículos 007's faz cem anos em breve. Aprendeu a esquiar aqui. James Bond, tal como ele, estudou em Genève, também. E eu, que estou hoje aqui às voltas com os dois, sei que esteve um lindo dia de sol porque ouvi dizer; ou melhor, exceptuando o intervalo em que fui comer ali ao lado, não a Kitzbühel, mas sim um hamburguer no café da esquina. Não é, claro o «rognon de veau avec pommes frites» mais as «fraises du bois», que Vesper Lynd jantou no Hotel Royale-les-Eaux, na noite do grande jogo, mas não me venham com snobeiras, porque estava bem bom, com uma folha de alface no meio.

24.4.08

Avenida 5 de Outubro

Eu juro que nunca mais me enervo quando, saído do Tribunal, já atrasado, vier Avenida 5 de Outubro fora a caminho do meu escritório, com carros de um lado e do outro e em segunda fila e mais táxis a despejar passageiros na base do ora pare aqui, mais os velhotes trôpegos que baralham os semáforos, e os que saem do supermercado mais os sacos atulhados com a mala do carro aberto e como se não bastasse só se pode virar à esquerda na Elias Garcia vê lá não te enganes e agora não há onde estacionar, contorna pela Avenida de Berna e entra na lateral, cuidado não te enganes que vais parar ao túnel, enfim cá estamos mas isto está entupido e quando é que eu chego a horas, maldita EMEL que nem moedas trago e assim sucessivamente até dar vontade de gritar!
Eu juro, pelas alminhas do Purgatório, porque ao ver esta foto da Avenida 5 de Outubro, mais esta família de alfacinhas felizes a caminho das hortas, lembro-me nisto tudo e com a vida que tenho hoje ou sou um burro ou tenho uma vida de cão e como por falar em 5 de Outubro e porque amanhã é 25 de Abril isto não está a precisar de uma revolução pedestre.
P. S. E não é que depois de escrever isto reparei que aquilo não é um burro mas um cavalo! Ainda por cima tenho de mudar de óculos. Raios e coriscos!

10.4.08

O imortal

Estranha a associação de ideias no cérebro humano. Talvez por causa de um persistente zumbido na cabeça lembrei-me de que na África remota onde nasci, onde no quimbundo que por ali se falava nzumbi queria dizer espírito. E por causa disso lembrei-me de Zumbi dos Palamares.
Em 14 de Março de 1696, Caetano de Melo e Castro, Governador de Pernambuco, escreveu ao Rei: «Determinei que pusessem sua cabeça em um poste no lugar mais público desta praça, para satisfazer os ofendidos e justamente queixosos e atemorizar os negros que supersticiosamente julgavam Zumbi um imortal, para que entendessem que esta empresa acabava de todo com os Palmares».
Zumbi nasceu livre em Palmares, Pernambuco, no ano de 1655, mas foi capturado e entregue a um missionário português quando tinha aproximadamente seis anos. Batizado «Francisco», Zumbi recebeu os sacramentos, aprendeu português e latim e ajudava diariamente na celebração da missa. Lideraria a revolta negra contra a escravatura de que os portugueses fruiram. «Teve a cabeça cortada, salgada e levada ao governador Melo e Castro», reza a Enciclopédia.