20.7.08

Saudades do mar

A natureza abre-se-nos e um mar imenso desagua-nos na garganta. Morre-se de boca aberta de espanto, num espasmo de convulsões, a vida em estertor.
Náufragos pela ânsia de navegar, uma língua de areia tacteia a maciez do céu infinito, os olhos turvos, reviram-se em agonia.
Dir-se-á uma praia, a alegoria líquida de um ventre, o nascer diurno da própria vida. Para uns quantos é uma fotografia. Ainda bem que assim é, tal qual, mesmo nessa simplicidade de memória ausente.