26.12.05

Vida de jogador


Entra-se por um portão normalmente aberto e de um dos lados da breve alameda, segue um renque de casinhas, todas contíguas, como se bungalows fossem. Nesse lugar antigo a História sedimentara-se, envelhecendo a euforia do futuro, dando consistência lógica a todo o passado. Eu estava ali de férias, em busca de nada, a caminho para sítio algum. Chegara por acaso, por um instinto do momento. O local chama-se Blenheim, fica não muito longe de Oxford. Ao fundo da rua desse hotel, poque é de um pequeno hotel que eu falo, virando-se à esquerda, é o monumental palácio do Duque de Marlborough, onde nasceu Winston Churchill. Lembro-me dos fins de tarde, quando, por ser Verão, a noite custava a chegar. Foi aí e então que eu li «O Jogador» do Stefan Zweig, e a história do preso que joga xadrez contra si próprio e sucumbe, enlouquecido, a essa impossibilidade lógica. Poderia ficar-se ali o resto da vida. As razões que o impediram, naquilo que orgulham, entristecem. também.