2.6.06

A ira dos céus

Ficou-me para sempre o ar severo, a contante insatisfação, o esgar reprovador. Cada gesto, um simples soerguer de sobrancelhas abatia-se sobre nós como se a ira dos céus nos fulminasse com relâmpagos. Lembro-me que ao domingo nos davam arroz doce. Lembro-me dos que, de castigo, ficavam a ver os outros comer. Alguns choravam por não terem uma mãe, outros já nem se importavam com isso. Lembro-me deste dia, de cada um de todos esses dias. A doença dos meus afectos nasceu aqui, como uma crise de crescimento.