18.9.07

O muro solar

É-se novo quando se vê a presença do Sol numa parede. Depois, o tempo encarrega-se de apagar a ilusão e de nos roubar a capacidade de ver. No final de tudo, piedosa, a Natureza dilui-nos nas estrelas, na aurora boreal da essência universal. Agradeço à Ana por me ter dito que havia este pior iraniano para quem a vida é o sonho de ser tal como se vê.

3.9.07

Os provadores de vinagre

A imagem é profundamente simbólica. Encontrei-a por acaso e nela estava lá tudo. Buda no meio, expressa o amargo, tal como a vida o é, enquanto fruto do desejo, o aniquilamento da vontade, a apatia contemplativa. À sua esquerda, Confúcio é a expressão da rigidez organizada ante o azedume do que se sente tal como é, a imposição da ordem, a interiorização da disciplina. O terceiro dos provadores de vinagre é Laotzé, o que sorri, enfrentando com beatífica alegria de alma a tristeza do real, o que frutifica a semente do ódio em pétalas de amor.

2.9.07

Tréguas para o Amor

Lê-se na biografia comum do Projecto Vercial, que «Fernando Echevarría nasceu a 26 de Fevereiro de 1929 em Cabezón de la Sal. Cursou Humanidades em Portugal, Filosofia e Teologia em Espanha. Exilado em Paris desde 1961, parte para Argel a fins de 1963, regressando àquela cidade em meados de 66. Aí reside desde então». Parece que não, residirá no Porto, diz o Diário Digital. Ou será na capital francesa, como informa a RTP? Tanto faz, esta noite residiu aqui no meu pensamento. A «In-Libris», do Porto, fá-lo constar do seu último catálogo; o blog Almocreve das Petas recorda-o.
Fernando Pesadelo de Ando Echevarría escreveu «Tréguas para o Amor» em 1958, numa edição de autor. Terá sido o seu segundo livro, o meu pensamento para este domingo.