24.1.09
Mon Oncle
Uma das cenas mais simbólicas do filme Mon Oncle de Jacques Tati é a do pontapé. É verdade, em matéria de tios. Em vez de chorarem, riam-se: aqui.
Anseio de noite
Fica nas narinas o odor a chuva, trazida pelos anéis do vento, nos olhos a gradação da sombra, no coração o eco de paz. A Natureza chama à quietude, à tranquilidade, ao contentar-se o corpo com pouco, o reclamar-nos a alma, tudo. Amigáveis, as palmeiras acenavam-me adeus. Julgava que se despediam quando afinal chamam.
A esta hora o dia está-lhes a findar, um anseio de noite possui-os como um prémio. São excertos de memória, um intervalo de uma contida alegria.
A esta hora o dia está-lhes a findar, um anseio de noite possui-os como um prémio. São excertos de memória, um intervalo de uma contida alegria.
O riso
Um dia, Deus perde-se. Divertido com o próprio divertimento, o Criador ri-se da grotesca criatura, um macaco vestido de princesa.
3.1.09
Viagem sem regresso
Ao fim da tarde o mesmo sol que nos deixa despede-se deste local remoto. A única diferença é o calor húmido como se o mar fervesse com o afundar-se nele em cada dia, para um banho antes da cama, aquela gigantesca bola amiga, incendária, que nos alumia, aquece e promete o dia de amanhã.
Chega-se aqui sem outro motivo que não seja ver. O sentir vem depois, com a imobilidade, a ausência de vontade, a Natureza a cumprir o seu papel de chamar os corpos a si, diluindo-lhes a identidade da alma.
Chama-se Bata, na Guiné Equatorial. Para que não haja equívocos esta foi a minha primeira viagem a tal local. Puramente imaginária. É uma forma exótica de viajar. A única que admite a possibilidade de não haver regresso.
Subscrever:
Mensagens (Atom)